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Penela, Coimbra, Portugal
Somos um grupo de amigos amantes da boa disposição e com alguma queda para a música. Atualmente a Kumytuna é constituída por 14 elementos: António Sousa, Carlos Mendes, Diogo Roxo, Edgar Correia, Jorge Mendes, Nelson Monteiro, Filipe Sousa (ensaiador), Anabela Monteiro, Cristiana Simões, Ermelinda Sousa, Marina Caetano, Paula Gomes, Rita Palaio, Sílvia Rodrigues, e claro, o Hugo Monteiro! CONTACTO: kumytuna@hotmail.com facebok:www.facebook.com/Kumytuna Tlm: 912 758 673 / 914 575 994

HISTÓRICO

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ainda a propósito da Suiça...

KUMYTUNA FAZ FUROR NO PARAÍSO DAS VACAS

É verdade, depois de meia dúzia de anos entre a escuridão de uma ou outra actuação à porta de casa, a Kumytuna tem, finalmente, a oportunidade de mostrar o seu trabalho longe de quem os viu nascer.

O convite surgiu, era tentador, e este grupo de jovens aventureiros não podia deixar passar ao seu lado aquilo com que, afinal, sempre sonhou… o êxito no estrangeiro.

Eram 8h30 minutos do dia 26 de Setembro de 2002, quando 17 jovens partiram rumo à aventura. O destino era a Suíça e era tudo o que sabiam; mas isso não os derrotou porque, afinal, “a Suíça é logo ali, chega-se a Vilar Formoso, andam-se uns quilómetros “p’ra pi” e estamos logo lá!”

Chegamos a Espanha às 11h37 minutos e os sorrisos continuavam presentes nos nossos rostos, só o Jorge estava um pouco irritado, afinal, tinha-se esquecido do vinho, e logo o vinho! Por volta das 14h19 minutos a fome começa a apertar e fazemos então uma pequena paragem perto de Valladolid. Às 20h10 minutos mais uma fronteira se avista, a francesa. E é na ânsia de chegar o mais rápido possível que surge a primeira experiência de separação. O Luís e o Jorge entram na auto-estrada, o Zé Alberto como é mais poupadinho vai pela nacional. Nada que os telemóveis não resolvam, verdade seja dita, foram amigos incansáveis!

A viagem continua, com os sorrisos a ficarem já um pouco amarelos. Nesta altura, o David, a quem ainda não tinham dado, devidamente, a palavra, impôs-se e lutou pelos seus direitos, reivindicando: “ Estou farto de estar preso, tirem-me daqui!!!” Mas não era só o David que estava farto, a Andreia também estava farta, mas de dormir. O que a consolava era o facto dos sonhos lhe estarem a correr bem; sim, porque ela acorda sobressaltada e vai a correr comer douradinhos: “Eu devia estar a sonhar com isto, eu não tenho fome nenhuma!”, diz ela ainda com um ar de admiração. Vamos lá nós tentar entender o que se passa na cabeça destas meninas de 13 anos.
À 01h00 estávamos perdidos algures em Angoulême, e digo perdidos porque, de facto, era mesmo perdidos que estávamos:
- “É para a N141”- dizia a Marina.
- “Não, temos que tomar a direcção de Limoges”- dizia o Nelson. Foi nesta altura que tivemos que decidir quem era o “Elo mais fraco”. Na verdade, tínhamos que apanhar a direcção de Limoges, só depois a N141. Assim, a Marina foi o “Elo mais fraco, adeus!”.

Desta forma, os quilómetros iam correndo, as horas iam passando e o cansaço era evidente nos nossos rostos. “Nunca pensei que a Suíça fosse tão longe!” era a frase típica da viagem que quase todos, senão todos, utilizavam em forma de desabafo.

A manhã chegava e, finalmente, sentíamos um aroma a Suíça. O verde de que tantos nos falavam já se avistava e neste momento outra preocupação nos assombrava: a fronteira. Será que conseguíamos mesmo entrar neste pequeno país ou íamos ficar presos por falta de passaporte, excesso de material e posse ilegal de menores?

E assim, eram 10h50 minutos quando, sem darmos por isso, estávamos a atravessar a fronteira. Aqui, é mesmo razão para dizer: “Muito fumo e pouco fogo”, sim, porque nós bem tentamos que nos mandassem parar mas os guardas nem quiseram saber de nós. Desta forma, e clandestinamente, estávamos nesta manhã de 27 de Setembro, oficialmente, na Suíça. Agora era só andar mais uns quilómetros e já estávamos no destino. A Marina tratou de nos levar ao destino mas como era seu hábito, pelo caminho mais longo. Afinal para quem já tinha feito 1900 quilómetros era mais um menos um. Mesmo assim e contemplando a bela paisagem que este país tem para nos oferecer, às 11h58 minutos tínhamos a nossa missão cumprida - chegávamos a Moudon.

Eram horas de almoço. Como ninguém esperava por nós tão cedo resolvemos ir comer uma sopinha ao restaurante mais próximo. A nossa sorte foi comermos mesmo só uma sopa, porque se mesmo assim a conta somou 200 €, se todos comessem um bife imaginem o seu tamanho. Bom, se o bife fosse ao preço dos ovos estrelados (3 euros) tínhamos que ficar a lavar copos. No entanto, todos entendemos muito bem o resultado da conta, porque tendo em conta o sal que a sopa tinha e sendo que a Suíça não tem mar, a importação deste produto não deve ficar nada barata.

Depois do almoço a vontade de todos era ir dormir uma sesta, no entanto, tínhamos que esperar pelas 16 horas para dar entrada no hotel que, utopicamente, estava para nós reservado. Eram 16h30 minutos quando o Presidente da Associação vem pedir-nos desculpas porque a Câmara Municipal se tinha esquecido de reservar o hotel. Solução: ir dormir numa caserna. Foi a experiência mais interessante que tivemos. “Tudo ao molho e fé em Deus” foi um suplício tentar dormir naquele quarto. Riso aqui, gargalhada ali; derrapagem artística até às 4 da madrugada e o Luís, que possuído pela sua típica insónia, procurava não deixar dormir ninguém. E mesmo assim, os sorrisos continuavam sempre presentes nos nossos lábios, reinava a boa disposição.

Ainda antes da tão desejada hora do descanso era hora de actuação. E lá fomos nós fazer mais uns quilómetros rumo a Yverdon para aquela que seria a abertura oficial de uma carreira promissora além fronteiras. Primeiro o belo jantar, regado pelo belo vinho (não sabíamos que na Suíça havia tão bom vinho português) e logo de seguida o palco. Os ânimos estavam agitados, o sono e a excitação estavam a fazer efeito, para não falar do vinho que tinha caído naquela mesa. E para ajudar à festa, não sei vinda de onde, aparece uma garrafa de Vinho do Porto em cima do palco.

Meus senhores; não sei se foi do sono, da excitação ou do vinho, mas a Tuna reinou e brilhou naquela noite como nunca no seu tempo de existência. O palco vibrava de tal forma que os dirigentes da Associação julgaram ser o seu fim, o grupo de baile que animaria de seguida a festa ficou tão maravilhado que começava a “arrumar as botas” e a assistência chorava de tal forma que nós ainda pensámos em regressar a Portugal de barco. A partir deste dia o destino deste grupo de amadores mudou radicalmente. Até deixaram de nos chamar Kumytuna e passaram a chamar-nos Copituna.

No Sábado não foi fácil o despertar. Tivemos que acordar para almoçar e não foi tarefa fácil. Mas enfim, às 15 horas já estávamos todos prontos e sentados para almoçar. Depois, foi a preparação da próxima actuação.

Eram 21 horas quando subimos ao palco para mais uma vez mostrarmos o que valíamos. O jantar havia sido idêntico ao anterior (refiro-me ao vinho) e desta vez em palco não havia uma garrafa de Vinho do Porto mas sim duas. A sala estava completamente cheia e as pessoas desejosas de ouvirem o grupo de baile (nossos amigos) que já tão bem conheciam.
Era altura de os convencermos do nosso trabalho! Foi preciso fazê-los despertar com algumas bocas como: “Já actuámos em cemitérios mais animados!” e “Está aí algum português?”, da autoria do Luís. Foi necessário até partir a nova pandeireta, autoria também do Luís, foi preciso na falta desta inventar um instrumento que a substituísse, tal como uma garrafa de vinho, e já sabem de quem foi a autoria e ainda da mesma autoria foi preciso deitar-se e rebolar-se no chão para que estas pessoas percebessem que nós só trabalhamos para receber uns tão simples aplausos.
E, na verdade, depois de todo este esforço o resultado ensombrou a sala e na hora da despedida o tão caloroso e desejado aplauso fez abrir nos nossos rostos um tão grande sorriso que naquela altura passou pelas nossas cabeças o célebre pensamento: “vale sempre a pena se a alma não é pequena”. Depois dos elogios, agradecimentos e do pedido de uma nova actuação para o dia seguinte por parte da direcção, deixávamos o palco com uma grande satisfação e contentamento. Até passava pelas nossas cabeças: “Somos mesmo bons”.

Era hora, agora, de um pézinho de dança ao som da música dos nossos companheiros e conterrâneos “Império Show”. No entanto, o cansaço começava a apoderar-se de nós e resolvemos regressar à nossa tão amada caserna. O Jorge resolveu ficar a beber umas cervejas e como eram à borla (porque se fossem a pagar só podia beber uma) a quantidade que bebeu foi a suficiente para não ver os lençóis da cama. Então é assim: o Jorge chega à caserna às 4h da madrugada, vai ter à cama da Marina e diz-lhe:
- “ Não me deixaram roupa nenhuma na cama, tiraram-me tudo…” E afinal a roupa estava toda na sua cama, até tinha mais um cobertor. Havia uma explicação para a sua preocupação:
- “ Vocês apagaram-me a luz, como é que queriam que eu visse a roupa?!”

Domingo de manhã saímos todos em direcção a Bulle, íamos, finalmente, ver a neve. Bom… todos é utopia porque, na verdade, o Silva e o Jorge ficaram na palha. Mas o Jorge não ficou sozinho, ficou com ela… a grande dor de cabeça que a noite lhe proporcionou. Foi nesta altura que nos apercebemos que, realmente estávamos na Suíça porque com o calor que se fazia sentir chegámos a pensar que estávamos no Brasil.

Regressámos um pouco à pressa porque mais uma actuação nos esperava. Tal como as anteriores quase nos deixava sem fôlego, fôlego este que foi recuperado ao jantar, que foi acompanhado, naturalmente, com um bom vinho português. Desta vez a borracheira chamava-se “Esporão, Monte Velho”, sim porque a Tuna agora está muito fina, já não bebe qualquer coisa.

E foram assim estes dias de estadia neste belo país. Para serem perfeitos bastava que o papel higiénico aí utilizado fosse de qualidade, porque, meus senhores; naqueles dias toda a gente se queixava do seu.

Era dia 30 de Setembro e dia de viagem de regresso. Tínhamos 1900 quilómetros para fazer e o cansaço estava presente nos nossos corpos. Era uma viagem para se ir fazendo sem pressas.

Eram 10 horas quando abandonámos a acolhedora cidade de Moudon e 11h20 minutos quando entrámos em França. A passagem da fronteira era mais uma preocupação que nos acompanhava, mas… o Zé Alberto que ia à frente passou, o Filipe passou também e o Jorge como tem cara de mafioso ficou retido para averiguações. No entanto, como é de boas famílias e como os seus companheiros até tinham boa cara, o guarda lá o manda avançar. Afinal, os senhores só queriam ver as fotografias das meninas mais de perto… Nesta altura todos respiraram de alívio e pensaram: “Uff, já nos safámos!”.

Foi também nesta altura que pensámos num belo título para esta reportagem: “Kumytuna brilha, clandestinamente, na Suíça.” Ali, já o tio do Zé nos esperava para nos levar a sua casa para comer qualquer coisita. Bem, na verdade, nós não sabemos se aquilo em França se chama mesmo qualquer coisita; aqui em Portugal nós chamamos-lhe um manjar dos deuses. Senão vejam: um leitão e um presunto acompanhados de um bom vinho francês, para nós portugueses não é qualquer coisita mas sim o salário completo do mês mais subsídio de férias.

E de barriga bem cheia, lá nos preparámos para fazer mais uns quilómetros. De terra em terra (com uns nomes bem esquisitos por sinal, como La Broche e La Ratte), de país em país, de hora em hora lá nos fomos aproximando da nossa Terra-Natal.

Eram assim, 20 horas quando fizemos a nossa entrada triunfal na pacata aldeia de Cumieira: bandeira nacional ao alto, apitadelas tipo campanha eleitoral, corneta a apregoar boas-novas, gritos de boas-vindas e volta de honra pelas ruas da aldeia que nos esteve sempre presente no coração: a nossa Cumieira.

E agora sim, podíamos gritar em voz alta: SOMOS OS MAIORES!

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